O carbono (do latim carbo, carvão) é um elemento químico,
símbolo C , número atômico 6 (6 prótons e 6 elétrons), massa atómica 12
u, sólido à temperatura ambiente.[1] Dependendo das condições de
formação, pode ser encontrado na natureza em diversas formas alotrópicas:
carbono amorfo ecristalino, em forma de grafite ou ainda diamante. Pertence ao
grupo (ou família) 14 (anteriormente chamada IVA).
É o pilar básico da química orgânica, se conhecem cerca de 10 milhões de
compostos de carbono, e forma parte de todos os seres vivos.
Características principais
O carbono é um elemento notável por várias razões. Suas formas alotrópicas
incluem, surpreendentemente, uma das substâncias mais frágeis e baratas (o
grafite) e uma das mais rígidas e caras (o diamante). Mais ainda: apresenta uma
grande afinidade para combinar-se quimicamente com outros átomos pequenos,
incluindo átomos de carbono que podem formar largas cadeias. O seu pequeno raio
atómico permite-lhe formar cadeias múltiplas; assim, com o oxigênio forma o
dióxido de carbono, vital para o crescimento das plantas (ver ciclo do carbono);
com o hidrogênio forma numerosos compostos denominados, genericamente,
hidrocarbonetos, essenciais para a indústria e o transporte na forma de
combustíveis derivados de petróleo e gás natural. Combinado com ambos forma uma
grande variedade de compostos como, por exemplo, os ácidos graxos, essenciais
para a vida, e os ésteres que dãosabor às frutas. Além disso, fornece, através
do ciclo carbono-nitrogênio, parte da energia produzida pelo Sol e outras
estrelas.
Estados alotrópicos
São conhecidas quatro formas alotrópicas do carbono[2], além da
amorfa: grafite, diamante, fulerenos e nanotubos. Em 22 de março de 2004 se
anunciou a descoberta de uma quinta forma alotrópica: (nanoespumas) [1]. A forma
amorfa é essencialmente grafite, porque não chega a adotar uma estrutura
cristalina macroscópica. Esta é a forma presente na maioria dos carvões e na
fuligem.
À pressão normal, o carbono adota a forma de grafite estando cada
átomo unido a outros três em um plano composto de células hexagonais; neste
estado, 3 elétrons se encontram em orbitais híbridos planos sp² e o quarto em um
orbital p.
As duas formas de grafite conhecidas, alfa (hexagonal) e beta (romboédrica),
apresentam propriedades físicas idênticas. Os grafites naturais contêm mais de
30% de forma beta, enquanto o grafite sintético contém unicamente a forma alfa.
A forma alfa pode transformar-se em beta através de procedimentos mecânicos, e
esta recristalizar-se na forma alfa por aquecimento acima de 1000 °C.
Estruturas alotrópicas do diamante e grafite.
Fulereno-C60.
Devido ao deslocamento dos elétrons do orbital pi, o grafite é condutor de
eletricidade, propriedade que permite seu uso em processos de eletrólise. O
material é frágil e as diferentes camadas, separadas por átomos intercalados, se
encontram unidas por forças de Van der Waals, sendo relativamente fácil que umas
deslizem sobre as outras.
Sob pressões elevadas, o carbono adota a forma de diamante, na qual
cada átomo está unido a outros quatro átomos de carbono, encontrando-se os 4
elétrons em orbitais sp³, como nos hidrocarbonetos. O diamante apresenta a mesma
estrutura cúbica que o silício e o germânio, e devido à resistência da ligação
química carbono-carbono, é junto com o nitreto de boro (BN) a substância mais
dura conhecida. A transformação em grafite na temperatura ambiente é tão lenta
que é indetectável. Sob certas condições, o carbono cristaliza como lonsdaleíta,
uma forma similar ao diamante, porém hexagonal, encontrado nos meteoros.
O orbital híbrido sp¹, que forma ligações covalentes, só é de interesse na
química, manifestando-se em alguns compostos como, por exemplo, o acetileno.
Os fulerenos têm uma estrutura similar à do grafite, porém o
empacotamento hexagonal se combina com pentágonos (e, possivelmente,
heptágonos), o que curva os planos e permite o aparecimento de estruturas de
forma esférica, elipsoidal ecilíndrica. São constituídos por 60 átomos de
carbono apresentando uma estrutura tridimensional similar a uma bola de futebol.
As propriedades dos fulerenos não foram determinadas por completo, continuando a
serem investigadas.
A esta família pertencem também os nanotubos de carbono, de forma
cilíndrica, rematados em seus extremos por hemiesferas (fulerenos). Constituem
um dos primeiros produtos industriais da nanotecnologia. Investiga-se sua
aplicabilidade em fios de nanocircuitos e em eletrônica molecular, já que, por
ser derivado do grafite, conduz eletricidade em toda sua extensão.
Aplicações
O principal uso industrial do carbono é como componente de
hidrocarbonetos[3], especialmente os combustíveis como petróleo e gás
natural; do primeiro se obtém por destilação nas refinarias gasolinas, querosene
e óleos e, ainda, é usado como matéria-prima para a obtenção de plásticos,
enquanto que o segundo está se impondo como fonte de energia por sua combustão
mais limpa. Outros usos são:
- O isótopo carbono-14, descoberto em 27 de fevereiro de 1940, se usa na datação radiométrica.
- O grafite se combina com argila para fabricar a parte interna dos lápis.
- O diamante é empregado para a produção de jóias e como material de corte aproveitando sua dureza.
- Como elemento de liga principal dos aços (ligas de ferro).
- Em varetas de proteção de reatores nucleares.
- As pastilhas de carbono são empregadas em medicina para absorver as toxinas do sistema digestivo e como remédio para a flatulência.
- O carbono ativado se emprega em sistemas de filtração e purificação da água.
- O Carbono-11, radioativo com emissão de pósitron usado no exame PET em medicina nuclear.
- O carvão é muito utilizado nas indústrias siderúrgicas, como produtor de energia e na indústria farmacêutica (na forma de carvão ativado)
As propriedades químicas e estruturais dos fulerenos, na forma de nanotubos,
prometem usos futuros no campo da nanotecnologia (ver Nanotecnologia do
carbono).
Os diamantóides são minúsculos cristais com forma cristalina composta por
arranjos de átomos de carbono e também hidrogênio muito semelhante ao diamante.
Os diamantóides são encontrados noshidrocarbonetos naturais como petróleo, gás e
principalmente em condensados (óleos leves do petróleo). Têm importante
aplicação na nanotecnologia.
Abundância
O carbono não se criou durante o Big Bang[4] porque havia
necessidade da tripla colisão de partículas alfa (núcleos atómicos de hélio),
tendo o universo se expandido e esfriado demasiadamente rápido para que a
probabilidade deste acontecimento fosse significativa. Este processo ocorre no
interior das estrelas (na fase «RH (Rama horizontal)»), onde este elemento é
abundante, encontrando-se também em outros corpos celestes como nos cometas e na
atmosferas dos planetas. Alguns meteoritos contêm diamantes microscópicos que se
formaram quando o sistema solar era ainda um disco protoplanetário.
Em combinação com outros elementos, o carbono se encontra na atmosfera
terrestre e dissolvido na água, e acompanhado de menores quantidades de cálcio,
magnésio e ferro forma enormes massasrochosas (calcita, dolomita, mármore,
etc.).
De acordo com estudos realizados pelos cientistas, a estimativa de
distribuição do carbono na terra é:
Biosfera, oceanos, atmosfera.......3,7 x 1018 mols
Crosta
Carbono orgânico...........................1,1 x
1021 mols
Carbonatos....................................5,2 x
1021 mols
Manto..........................................1,0 x 1024
mols
O grafite se encontra em grandes quantidades nos Estados Unidos, Rússia,
México, Groelândia e Índia.
Os diamantes naturais se encontram associados a rochas vulcânicas (kimberlito
e lamproíto). Os maiores depósitos de diamantes se encontram no continente
africano (África do Sul, Namíbia, Botswana,República do Congo e Serra Leoa).
Existem também depósitos importantes no Canadá, Rússia, Brasil e Austrália.
Compostos inorgânicos
O mais importante óxido de carbono é o dióxido de carbono ( CO2 ),
um componente minoritário da atmosfera terrestre (na ordem de 0,04% em peso)
produzido e usado pelos seres vivos (ver ciclo do carbono). Em água forma ácido
carbónico ( H2CO3 ) — as bolhas de muitos refrigerantes —
que igualmente a outros compostos similares é instável, ainda que através dele
possam-se produzir íonscarbonatos estáveis por ressonância. Alguns importantes
minerais, como a calcita são carbonatos. As rochas carbonáticas (calcários) são
um grande reservatório de carbono oxidado na crosta terrestre.
Os outros óxidos são o monóxido de carbono (CO) e o raro subóxido de carbono
(C3O2). O monóxido se forma durante a combustão incompleta
de materiais orgânicos, e é incolor e inodoro. Como a molécula de CO contém uma
tripla ligação, é muito polar, manifestando uma acusada tendência a unir-se a
hemoglobina, o que impede a ligação do oxigênio. Diz-se, por isso, que é um
asfixiante de substituição. O íon cianeto, ( CN- ), tem uma estrutura
similar e se comporta como os íons haletos. O carbono, quando combinado com
hidrogênio, forma carvão, petróleo e gás natural que são chamados
dehidrocarbonetos. O metano é um hidrocarboneto gasoso, formado por um átomo de
carbono e quatro átomos de hidrogênio, muito abundante no interior da terra
(manto). O metano também é encontrado em abundância próximo ao fundo dos oceanos
e sob as geleiras (permafrost), formando hidratos de gás. Os vulcões de
lama também emitem enormes quantidades de metano enquanto que os vulcões de
magma emitem uma maior quantidade de gás carbônico, que possivelmente é
produzido pela oxidação do metano.
Com metais, o carbono forma tanto carbetos como acetiletos, ambos muito
ácidos. Apesar de ter uma eletronegatividade alta, o carbono pode formar
carbetos covalentes, como é o caso do carbeto de silício(SiC), cujas
propriedades se assemelham às do diamante.
Isótopos
Em 1961 a IUPAC adotou o isótopo 12C como base para a determinação da massa atómica dos elementos químicos.
O carbono-14 é um radioisótopo com uma meia-vida de 5715 anos que se emprega
de forma extensiva na datação de espécimes orgânicos.[5]
Os isótopos naturais e estáveis do carbono são o 12C (98,89%) e o
13C (1,11%). As relações entre esses isótopos são expressas baseadas
nas proporções encontradas no padrão inorgânico VPDB (Vienna Pee Dee
Belemnite). O valor isotópico da proporção entre
12C/13C encontrado na atmosfera terrestre é da ordem de
-8‰ (por mil). Esse valor é negativo pelo fato de que o padrão utilizado (VPDB),
por ser um carbonato inorgânico, possui uma quantidade maior de 13C
que a grande maioria dos compostos orgânicos e da atmosfera.
A maioria das plantas, denominadas plantas de ciclo metabólico C3, apresentam
valores isotópicos de carbono que variam entre -22 e -30‰; entretanto as plantas
com o ciclo metabólico do tipo C4, como algumas gramineas por exemplo,
apresentam valores mais enriquecidos em 13C, da ordem de -6 a -12‰.
Essa diferença de dá devido às diferenças na apreensão de CO2 durante
esses dois distintos tipos de processos metabólicos que ocorrem na fotossíntese.
Um terceiro grupo, constituído pelas plantas de metabolismo CAM (ciclo do ácido
crassuláceo), apresenta valores entre cerca de -12 e -26‰, já que ambos os
ciclos C3 e C4 são possíveis nessas plantas, influenciados por fatores
ambientais. A proporção ente os isótopos 12C e 13C é
também um importante marcador químico de porcessos metabólicos de plantas e
animais sendo também utilizado amplamentes em estudos ambientais, ecológicos e
de cadeias tróficas de humanos e animais, atuais e pre-históricos, jutamente com
os isótopos de nitrogênio(14N/15N) e oxigênio
(16O/18O) dentre outros.
Precauções
Os compostos de carbono têm uma ampla variação de toxicidade. O monóxido de
carbono, presente nos gases de escape dos motores de combustão e o cianeto (CN)
são extremadamente tóxicos para osmamíferos e, entre eles, os seres humanos. Os
gases orgânicos eteno, etino e metano são explosivos e inflamáveis em presença
de ar. Muitos outros compostos orgânicos não são tóxicos, pelo contrário, são
essenciais para a vida.
Utilização
O principal uso industrial do carbono é como componente de hidrocarbonetos,
especialmente os combustíveis como petróleo e gás natural; do primeiro se obtém
por destilação nas refinarias gasolinas, querosene e óleos e, ainda, é usado
como matéria-prima para a obtenção de plásticos, enquanto que o segundo está se
impondo como fonte de energia por sua combustão mais limpa. Recentemente tem
sido considerado um dos elementos principais para o desenvolvimento da
eletrônica molecular ou moletrônica.
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