“Alô, Alô, ouvintes: uma história do rádio em Bauru” é muito mais que
um importante documento de pesquisa sobre o rádio e seu desenvolvimento
em Bauru. Apontada como inédita pelo autor, João Francisco Tidei Lima, a
obra – que será lançada na próxima terça-feira, dia 14, às 19h, na
Jalovi – é um convite para aprender história e entender as principais
mudanças numa época “fervorosa” no País, que atravessou as décadas de
40, 50, 60 e início dos anos 70.
Um dos enfoques da publicação é sobre a relação e as consequências para
a rádio no período em que o Brasil viveu os chamados “anos de chumbo”
da ditadura militar. Se engana quem pensa que os veículos de comunicação
do Interior não sofreram a mesma censura dos das capitais.
Em Bauru, as três emissoras relatadas no livro – PRG-8, Auri-Verde e
Terra Branca – ao mesmo tempo em que buscavam se adequar à nova
realidade da revolução nas comunicações, também ficaram expostas, de uma
forma ou de outra, aos efeitos da nova conjuntura política conturbada
pelos fatos que culminaram no Golpe Militar de 1964.
Paixão
Apesar de professor e historiador, João Francisco assumiu cargo de
gerência na Rádio Auri-Verde; e também chegou a atuar como comentarista.
“A rádio era uma espécie de um bico. Dividia a atividade com as aulas
de história”, contou. Apaixonado por rádio desde a infância, ele quis
fazer o livro pelo gosto que sempre teve por este veículo. “O livro tem
também característica autobiográfica. Meu pai gostava muito de ouvir
rádio, ligava e ouvia o dia todo”, afirma.
Sobre a importância da obra, o autor ressalta que o livro fornece uma
síntese da história que vai desde a fundação do rádio em Bauru até o
início dos anos 70. Assim, o leitor pode ter acesso a um importante
panorama econômico, político e também das mudanças sociais e como elas
afetaram os meios de comunicação desde a década de 30. “Faço referência
também não só às rádios, mas a outros veículos da cidade”, sublinha o
escritor.
Além de textos valiosos para estudantes de comunicação e demais
interessados em história da cidade e do rádio, a publicação é recheada
de imagens que mostram personalidades importantes da época, além dos
primórdios e percurso deste importante veículo de comunicação em Bauru.
Sobre um eventual fim do rádio com a chegada das novas tecnologias da
informação e comunicação, o autor diz que o veículo continuará a
desempenhar seu papel. “Ele vai continuar sobrevivendo pelas suas
especificidades - a perenidade, a sua originalidade. O rádio é portátil,
podemos levá-lo para qualquer lugar. Ele tem especificidades que nenhum
outro meio de comunicação tem”, atesta.
Lembranças
Uma das riquezas do livro é que ele traz, com detalhes, situações da
época da ditadura enfrentada pelos veículos de comunicação. Quando
criou-se nas redações dos jornais, das emissoras de rádio e de televisão
a figura do censor. João Francisco traz à tona lembrança importante
vivida naquele momento:
“Quando se instalou a ditadura militar, um dos membros da família
Simonetti – o Sica, era plantonista/âncora da rádio PRG-8. E ele, junto
ao Tobias Ferreira e o chefe do setor técnico foram chamados ao quartel.
E o comandante da PM disse precisamente o seguinte: “Olha, os senhores
estão proibidos de noticiar qualquer ação repressiva e também devem
terminar todos os noticiários com a seguinte palavra de ordem: Reina a
mais absoluta calma em todo o País ”, recorda.
O autor
Historiador e professor universitário aposentado junto à Unesp (campus
de Assis e de Bauru), e com passagens pela Universidade Sagrado Coração
(USC) e pós-graduação pela Universidade de São Paulo (USP), João
Francisco Tidei de Lima possui especialização no Institut Européen des
Hautes Études Internationales, Universidade de Nice, França. É ainda
responsável pela organização do arquivo ferroviário depositário de toda a
documentação escrita, impressa e fotográfica da antiga Estrada de Ferro
Noroeste do Brasil, disponibilizado para o público desde 1995 ao lado
da Estação Ferroviária da praça Machado de Melo, em Bauru.
- Serviço
O lançamento da obra será na Livraria Jalovi do Altos da Cidade, que fica na rua Antonio Alves, 22-75.
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